segunda-feira, 26 de março de 2012

Sobre assistir Palestras - parte 2

Opa, essa é a PARTE 2- a primeira parte está nesse link:


Sobre assistir Palestras



Uma coisa que acontece em palestras que os palestrantes usam para fazer a platéia participar com ele, criar uma interatividade, "amarrar" quem está o assistindo ao assunto que ele está se propondo a falar é o chamado: "Bate-bola", que dependendo de como é feito vira "chapéuzinho" ou até "passar a bola de baixo das pernas (das "canetas").
O palestrante começa uma frase, meio que num ritmo ( e geralmente erguendo as sobrancelhas e o queixo... repara pra você ver...) para a platéia completar. Exemplo: "Água mole em pedra dura (erguendo queixo e sobrancelha, hein.) tanto bate até que ffFF...." e a medida que a platéia completa em coro, ele acompanha num aceno com a cabeça, em câmera lenta, concordando.
Essa técnica pode ser tão eficiente quanto complicada pra fazer o público participar, porque olha só:
Palestra sobre água e tal, você toma água, todo mundo conhece água, beleza, mas o palestrante está lá mostrando ideias novas e se você for entrar no coral tem que saber a letra da música. Quando é óbvio, igual a esse ditado popular sobre insistência, tranquilo. Só que o interessante (ou desastroso) acontece quando a parte a ser completada pode ser qualquer coisa:

Palestrante: "Porque há cinco anos atrás o mundo estava em PÊÊÊ..."
Platéia inteira: ... ... ... . . .
Você pensa em falar 'pedaços', mas tem chefe te olhando e você não quer dar vacilo na frente de todo mundo. Alguém completa: "Penúria... ?" o palestrante fica igual criança apontando brinquedo em loja "...iiiiissoooo... fala de novo! Mais alto fazendo favor!"

Se nessas horas você fica aliviado de não ter falado, imagina "mundo em pedaços"?, não há escapatória quando o palestrante, parece que baixa um santo de um bêbado balançando uma arma carregada na munheca solta em direção da platéia, ele vira com cara de que é óbvio e pergunta:

Palestrante: Então, gente, uma pergunta simples: O que que é água?

Ixiii, aí você vê aquele monte de gente, incluindo você, hesitando pra responder! Pode ter até alguém que queira, na indecisão, até apontar pra garrafinha ali em cima da mesa do lado do palestrante.

Palestrante:... vamo lá gente! Água água, o que que é água???

Uma senhora com jeito de briguenta responde com uma voz fininha, meio rindo pra desfarçar que ela mesmo está sem graça:

Senhora briguenta: hehe, ... água é H2O, ué?
Palestrante: Sim! Mas não é isso... água água gente? É H2O, mas primeiramente água é o que???
Cara com cabelo estranho e costeleta torta: Ué, água é um bem natural renovável... ? (ele fala isso até rindo para os amigos pra não parecer um louco solitário.)
Palestrante: ...tam - bém, mas eu tô falando no geral! O que que é água??
A gordinha perto de você cochicha baixinho: é a puda que te pariu!

Naquele impasse de "que que é água, que que num é água" a platéia fica no "bate-bola" atrapalhado. Até que alguém arrisca no último desabafo ".... é vida?..." daí uns ficam tentando roubar a resposta e repentem alto "VIDA VIDA, ÁGUA É VIDA!" o palestrante fica todo feliz e fala "é isso mesmo, gente! Ô meu Deus! Água é ... viiidaaa!"

Alguns palestrantes e esses bate-bolas, também chamados de "Ping Pong" que se forem mal feitos viram "King Kongs" ... rsrsr... imagina "mundo em pedaços" essa foi boa.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Sobre assistir Palestras - parte 1



Sobre assistir Palestras


Uma coisa muito interessante, mais do que qualquer palestra (de qualquer tema- independente mesmo de quem a apresente!), é como nos comportamos como platéia, ou até deveríamos nos comportar... já vou explicar!
"Oi pessoal - seu chefe ou professor falando -, hoje Siclano vai dar uma palestra falando sobre o que é a... (sei lá...) água! Vamos reunir as cadeiras aqui..." Você vai, acha o lugar estratégico, não muito na frente pra não estar sujeito a ganhar cusparadas surpresas, nem a mercê de um dos piores medos da humanidade: Ter que falar em público! Uma pesquisa americana sobre medo disse que os entrevistados elegeram o "medo da morte" em segundo lugar, essa tragédia derradeira de todo ser vivo perdeu apenas para um outro medo- tcharaannn- Falar em público, primeiro lugar!
Mas como você vai é 'assistir' a palestra, você pode até ter um momento de empatia e pensar "noossa, não queria estar na pele desse cara, porque é gente demais aqui no auditório!" mas logo logo você se desocupa de pensar no palestrante e vai procurar o melhor lugar, longe daquele colega que fica com tic nervoso de balançar insistentemente a perna porque "não consegue ficar parado", por exemplo.
Aí beleza, a palestra começa. O palestrante vai indo pro seu lugar de discurso. Se for mulher, a platéia feminina repara a roupa da palestrante, platéia masculina imagina rápido como ela seria sem roupa (que vergonha né, mas é instintivo.). Se o palestrante for homem, a platéia feminina repara na roupa (e eu já li até que se o cara usa relógio ou não...). platéia masculina costuma reparar ou no jeito de falar (sempre tem aquele colega mala pra cochichar pro seu grupinho "huumm, essa Coca é Fanta Uva..."), ou reparam se o cara TEVE que usar gravata ou fazer a barba para apresentação, por que aí o palestrante vira um exemplo de que "pode se dispensar certas formalidades para passar credibilidade...". Enfim, dizem que os primeiros 15 a 30 segundos (que, se você converter para ENFRENTE A UMA PLATÉIA TE OLHANDO, podem ser dias!!), média de 20 segundos, são de o público te dando uma "geral" visual; dizem que muitos nem ouvem o que está sendo dito nesses segundos, e dependendo de como o palestrante estiver intrigando a platéia com a aparência, ele costuma até repetir sorrindo "Ouu, vão lá gente, boa taaaarde!!!" - uns costumam até falar "Vamo acordaaaar!", talvez sem levar em conta que ele próprio fez o pessoal ficar sonhando ao vir vestido como o Alladin do desenho... ou como um astronauta em plena terça-feira as quatro e quinze da tarde.
Passaram os 20 segundos! Já 'revistamos' visualmente o palestrante, o colega mala já fez o comentário da 'fanta-uva' ou não, a turminha da conversa sobre a "operação da tia Clotilde" ou "quem foi eliminado em big brother" pausam. CLICK, todo mundo relaxa, um ser humano está falando; Eu só tenho que ouvir, certo?! - ERRADO, se você estivesse escutando sermão de pai e mãe, ou tivesse falado 'balança' na frente de uma menina de TPM, sim! Em palestras você não está para ouvir apenas. Tenta imaginar, se a pessoa (o palestrante) está nesse tal medo que ultrapassa o medo da morte, que é falar em público, ele pode até 'morrer', mas ele vai levar um bucado de gente com ele...
Mas também tem o outro lado da moeda, o palestrante que GOSTA de falar em público, gosta tanto que contagia a platéia, ele quer dividir aquela experiência com os outros e te convida (em alguns casos até te puxa como imã!) tanto que parte da platéia até esquece de "público" ou qualquer outra coisa e costuma até mesmo sair mais 'falante' depois da palestra! Ficam naquela sensação de alívio, a respiração flui leve e todos ficam 100% mais motivados para a vida.
"MISSÃO CUMPRIDA", daí o chefe ou professor vem falar com a gente depois da palestra com ar de pai de debutante "...não falei que vocês iam gostar da palestra de Siclano??!" ... é, mas nem todo palestrante é o "Siclano", palestras podem ser bem desastrosas, logo, engraçadas de contar! E é por isso que eu decidi escrever sobre elas nessa pequena série de crônicas.
---link para a segunda parte :)

quarta-feira, 7 de março de 2012

Sucos GREENDAY????????






Hoje eu estava andando distraído pelo corredor de uma padaria em BH, olhei para a parte de sucos e vi essa embalagem da foto. Parei, franzi a testa e fui chegando com a cabeça igual uma tartaruga de galápagos pra perto da porta de vidro pra ler o nome de novo... e disparei a rir! O pessoal da padaria e os clientes ficaram sem entender porque eu abri a geladeira, acionei a câmera do celular e tirei a foto (rindo), fechei a porta e pedi os 5 pãeszinhos. É uma looonga história.
O ano é 1994, eu tinha 14 anos, um monte de espinhas e todas as "maravilhas" que uma adolescência nos dá. Entre elas 4 bandas que eu escutava o dia inteiro nas fitas cassete: Creedence, Dire Straits, Bon Jovi e Enya; Bem, Enya não era banda, é uma cantora de música de... sei lá "meditação que a psicóloga que eu ia tocava nas sessões, eu acabei gostando e peguei a discografia toda." (Enya é legal mesmo :) Relaxa, e se você conhecer algum adolescente que 'fala sozinho' e nem 'benzedeira dá conta' do moleque, toca Orinoco Flow pra ele pelo menos uma vez por dia! (*O Michael Jordan inclusive escutava essa música antes de final!!!! pra você ver que a psicóloga sabia muito bem o que estava fazendo.)
Deixa eu voltar o raciocínio: '...eu escutava na adolescência Creedence, Dire Straits, Bon Jovi e Enya...' Aah é! Tirando a Enya, minha referência de "fodão mesmo" eram as 3 bandas, só que eu não me identificava muuuito com os vocalistas não:

- o do Creedence cantava pra caramba, mas era meio aquele vendedor de feira hippie com o cabelo da Velma (do Scooby Doo rsrrs) e as letras eram muito viajantes, tipo "você pode ponderar sobre o movimento perpétuo... no final da auto-estrada, com o pessoal que se encontrou numa grande árvore vermelha." Eu só iria começar ir pro São Gonçalo do Bação uns quatro anos depois! (só então que as letras foram fazer sentido!)

- o do Dire Straits cantava e tocava demais, as letras eram menos viajantes, só que não passava muita energia não (prum cara de 14 anos...). Pra você ter uma base ele parecia o dentista do meu pai indo pra academia...

- já o Bon Jovi já empolgava, as letras misturavam dia-a-dia, tinha romantica e umas até com uma certa rebeldia e tal... o complicado era assistir o clip na frente dos outros... o cara tinha o cabelo que uma tia minha usava (anos 80 e 90), usava umas roupas de 'maldchiiiiiiiiita' e pra piorar dava entrevista se achando o 'bão' (tenta achar esse cara quando veio no Brasil no antigo 'Programa Livre' no youtube. Tem outras dele, mas quando o Serginho Groisman entrevistou ele eu falava "AAaaah tá bom, viu?" a cada 12 segundos.)

Daí aparece o Green Day, as músicas empolgavam, letras de dia-a-dia (prum cara de 14 anos...), as letras iam desde "minha namorada terminou comigo e eu mandei ela 'Fuck off and die', até "tem um amigo meu que tá meio esquisito e eu não estou com muita paciência pra conversar com ele.". A banda inteira tinha uns 4 ou 5 anos a mais que eu e meus amigos e nas entrevistas eles mais zuavam os repórteres do que falavam que tinham vendido 18 milhões de cds só nos EUA. Eu por exemplo, logo que identifiquei o nome da banda (que eu ouvi a primeira vez numa propaganda de tv do parque aquático Termas Internacionais rsrsr) dei um jeito de juntar dinheiro e corri na única loja de departamento de Itabirito, o Farid Eletrodomésticos (...eu acho que é a única, não é? sei lá.) E O DETALHE, na minha casa nem tinha CD player!!!!! hahah eu fui na casa de um primo meu e gravei a fita. Eu estava de olho no encarte, inclusive, que tinha as letras! ("Já sabia o das outras bandas de cór, até terça-feira que vem podem até me tomar igual tabuada!!!!)

Tá explicado aí porque que encontrar um "néctar" ... suco de caixinha, com um nome de uma banda que eu gosto foi tão engraçado! Agora, até explicar isso pro povo que riu quando eu abri a geladeira só pra tirar foto e depois comprar pão, eu perdia meu ônibus.