Por onde eu navio...
Explode flecha nuvem negra grossa tempestade errante atravessa savana.
Onde ela grita sua ira, a pastagem farta se levanta.
Enquanto, legião de abutres sorrindo vêem do alto
O carpete multicor abafando o verde,
Seguindo insistentemente a esféra, e barulhos de trovão.
O primeiro exército é a chuva de zebras que buscam apenas ervas superficiais.
Seguidas do tropel sombrio, fumaça densa de olhos vermelhos dos gnus,
Suas bocadas fortes peneram a segunda camada bem fundo.
Finalmente a jovem manta laranja das gazelas pinça riqueza com cuidado.
Vento trouxe ao destino a tempestade agora menos tensa,
Pra descansar em sua cama onde a cinza vulcânica, já impaciente
Espera para dormirem em paz.
Os filhos desse laço são a melhor pastagem
Para os filhos da bandeira, que galopara de tão longe,
E que ganha agora cores mais vivas,
Leões e ienas fizeram retalho dos velhos trapos pelo caminho. Os abutres terminam o trabalho dos reis e bobos da corte recolhendo o mastro cinza deixado a beira rio.
O sol escaldante, como um turrão tímido, tenta convencer a bela dama rio.
Ele quer aquele sorriso azul mais perto, só a calma dela pode refrescá-lo e dar alívio.
O pai ciumento vento quer mudar com a família a negócios. Porém, um romance não acaba assim.
A legião de abutres sorri, porque essa bandeira é apenas uma das velas que faz girar a imensa embarcação que deriva entre as estrelas no mar negro do infinito, por onde eu navio.
(texto retirado de “Crônicas do Marujo” de Filipe Campos Lage, ed Menino Medo, Minas Gerais, Brasil. 1964)
Aaaaaaaaaamooooo essa crônica, sobretudo o título! Incrível!
ResponderExcluirPreciso passar num concurso antes que os membros de banca avaliadora descubram seus textos.
ResponderExcluirOi Isvéi! Essa das 'antiga' teve que esperar 5 anos pra sair da gaveta rsrsrsrs E Olivia, você tá trankila! Que bom que voce gostou AMMT
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