A Madeira alta do Remorso

    



          Imprevisivel. Assim como é o tempo que os 3 passarinhos ficam pousados no fio do poste.
     E tambem, só como eles, sabendo pra que pousa. Menos comum como eles 3, o remorso consegue  alinhar a tarde-laranja-seca ao coiote de pata machucada pelo espinho. Por um momento ele acha engraçado
     se ver no meio da cena, mancando sozinho no vale ao som do oboe mal sintoniazado do radio.
     Olha pra cima, abre o fucinho com golpes curtos do diafragma, secos mas que aliviam.
     Da uma volta em torno de si mesmo, senta, apoia a cabeça nas patas dianteiras, dor pelo espinho  novamente. Tarde parada, o agudo do oboe irrita, ele continua sozinho no vale.
      Ja tirou o espinho da pata empeiorada ha algum tempo, e mesmo que nao estivesse sozinho o seu som afinaria a matilha inteira. Ja passou, nao tem mais volta. Por mais que os outros batessem seus tambores, ou tocassem as suas cordas, ou soprassem seus metais, logo a melodia dele iria solando, mancando nao muito rapido, lembrando a orquestra inteira. O coiote levanta rapido a cabeça atento numa pausa, enquanto os 3 passarinhos levantam voo.
      O som do seu oboe nao recomeça, continua pelo vale...





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 Videos de Oboe interessantes no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=8aZNk5P9oL8&feature=related

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